sexta-feira, 19 de junho de 2009

Uma moderna mulher ancestral

Outro dia em uma conversa com meu marido rimos muito a respeito de minhas inclinações artísticas, por assim dizer.
Dentre as modalidades que mais gosto de praticar estão três: mosaico, tear manual e patchwork.
Analisando friamente todas as três são técnicas ancestrais desde antes de Cristo.
Ou seja, desde que Adão e Eva se viram nus começaram a se preocupar com tecelagem. Depois da tecelagem começaram a fazer uso dos retalhos das roupas e aí foi surgindo o pathcwork (lá pelo Egito antigo).
E como forma de expressão artística, no período Bizantino, AC datam os primeiros trabalhos em mosaico.
Enquanto o mundo foca no moderno eu estou resgatando meu passado.
Quem sabe um dia encontro uma bela e encantada “caverna”?
Brincadeiras à parte outro fato que muito me encanta é que tive tias avós que moraram na cidade de Bauru SP que nunca conheci.
Essas tias eram famosas por seus tapetes artesanais em tear.
Genética, intuição, dom curiosidade eu não sei, só sei que gosto mesmo é de “fazer arte” no sentido mais infantil que isso possa ter, e agora com duas musas inspiradoras acho que isso vai longe.
Um abraço,
Lidi

Meus caminhos

Quem pode ler meu último texto viu que falei sobre patchwork.
Vou contar a vocês o meu caminho para encontrar meus retalhos.
Depois de decidir parar de vez com a fonoaudiologia e estar preocupada com todo o resto, estava em casa com minha mãe e precisávamos comprar novos bicos de mamadeiras para as Marias.
Estávamos nos organizando para irmos a uma loja de casa que tem também coisas de bebês e tecidos (nossa verdadeira necessidade no dia), mas eu estava tão jururu que não estava muito empolgada. Queria ir depois do almoço para facilitar, ir com nosso carro.
Minha mãe me incentivou a irmos de manhã mesmo e de taxi, que é até mais fácil.
E lá fomos nós.
Ao “estacionarmos” na parte dos tecidos, eu minha mãe e cada uma com seu carrinho com uma bebê, vimos uma mãe e filha (com sotaques não pernambucanos) comprando tecidos, e aí foi o dedo de Deus de novo me apontando o caminho.
Mãe e filha nada mais eram que Henriete e Priscilla, minhas novas professoras de patch. Como conversar não é problema, em minutos eu já descobri que aquele era um novo caminho a percorrer.
Resumo da ópera: fui na loja na segunda de manhã e na outra manhã de terça já estava na loja delas onde o curso acontece.
E aí um mundo de possibilidades se abriu.
Renovação de ares, novas amizades, conhecimentos, ambiente bonito e leve, tudo o que mais precisava nesse momento.
Detalhe, quando decidimos que eu ficaria “parada” profissionalmente meu marido bem que me avisou que isso não duraria por muito tempo. Na segunda mesmo falei com ele por telefone contando as novas e ele soltou um feliz “eu te disse que tu não ficaria parada por muito tempo!...”
E assim, mais uma vez posso afirmar que meus caminhos pelo mundo definitivamente não sou quem traço.
Um abraço,
Lidi

quarta-feira, 10 de junho de 2009

Assumi meu lado B

Como já disse Lula Queiroga: “Felicidade não precisa de culpa(...)” e assim, e depois de muito (mais bote muito) pensamento resolvi assumir meu lado B.
Meu lado B é meu lado BOM, meu lado feliz, que vive e curte as belezas da vida, das cores, a leveza das linhas entrelaçadas em pontos e tramas, a beleza de desfazer os quadrados prontos (pastilhas de vidro) para reconstruir com caquinhos mosaicos alegres, a beleza de ver um processo de criação do começo ao fim, com um fim rápido, e na grande maioria das vezes, muito belo.
Tal decisão não foi fácil, mas com o apoio do meu marido e de minha mãe já seria possível, mas tenho o aval de quase todos com quem anuncio a decisão: aqui se assume uma Artesã.
Vou viver financeiramente com muito prazer, a partir de agora com o que sai das minhas mãos.
Só isso já me realiza, mas não, quero sempre mais, e como diz minha mãe “o saber não ocupa lugar”, dessa forma vou aprender outros ofícios e aos poucos vou mesclando técnicas e fazendo arte literalmente para viver.
Acaba com essa decisão um casamento de quase doze anos com a fonoaudiologia, profissão que trilhou meus passos para eu ser quem sou hoje. Não posso negá-la, aliás foi por intermédio dela que conheci todas minhas amigas inspiradoras.
Com a fonoaudiologia conheci a Nane que me apresntou o mosaico, morei em Campinas que mostrou muitas possibilidades (isso sem contar meu marido), conheci Ana Luiza que me incentivou nas vendas e muito mais.
Mas olhando agora para todo o perído de fono, vejo que o mehor a fazer é deixá-la de lado num momento em que “mudança” é a palavra chave.
Há muitos anos estava insatisfeita com o retorno financeiro dessa profissão, foram anos de investimento pesado, que certamente fizeram de mim uma pessoa melhor. Na fonoaudiologia aprendi a conviver de perto com o outro, os outros e suas dores, embora não palpáveis nem mesmo mensuráveis.
E até isso mesmo me incentivou a assumir meu lado B.
Cada vez mais eu estava vendo os problemas de comunicação com mais seriedade e isso me incomoda e muito, pois eles são tão preteridos frente aos outros problemas de saúde geral que fica difícil conquistar espaço até mesmo com os outros profissionais de saúde.
Dentro da fono, minha grande paixão foi o público infantil, que sempre me incentivou a continuar, mas por outro lado, os adultos afásicos eram um público muito especial, emora com carga emocioanl muito densa.
O fato é que, aos poucos, o interesse pela fono foi se desmotivando ao mesmo tempo que o amor pelo artesanato foi se criando.
No artesanato sou autodidata em algumas técnicas, como o mosaico e os trabalhos com pinturas em madeira.
Nesse caminho tenho conseguido aprender um puco de outras áreas, como o tear manual de pente liço e também o patchwork.
No final, resumindo, quero compartilhar com todos vocês essa decisão e também convidá-los a ver meus trabalhos (e porque não comprá-los) no meu site:
www.rochadasartes.com.br
Assim como em outro ofício a crítica e sugestão tem lugares garantidos, para que assim eu me aprimore e cresça cada vez mais na execução das técnicas e harmonia.
Um abraço, com muito carinho a todos, e principalmente às minhas somente amigas (não mais colegas de profissão) fonoaudiólogas,
Lidi, 10/06/09

AMA(R)MENTAR

Amamentação foi para mim a maior concretização do amor que tenho por minhas filhas, porém junto com ela passei por todo um processo que me colocou a pensar em como um ato tão pessoal e natural pode se tornar tão exposto.
Fiquei impressionada de como minha vida e de minhas filhas são interesse tão constante de outros, outros esses que nem conheço e que questionam sobre a amamentação com tanta propriedade que muitas vezes chega a intimidar.
A vida da mãe de um recém-nascido é assunto fácil na boca dos outros, e com isso inclui-se comentários, sugestões, imposições, receitas e afins...
Vou relatar aqui minha experiência sobre a amamentação.
Hoje, dia 10 de junho, minhas filhas estão com 5 meses e 1 dia. Faz quase 1 mês que tenho tentado fazer meus peitos secarem e eles ainda têm leite...
Aqui no Brasil as coisas são decididas de cima para baixo.
Políticos nem sempre preparados fazem leis e nós nos vemos obriados a cumprí-las sem nem saber ao certo.
Amamentação é direito da criança e é proibido por lei a prescrição de leite artificial na maternidade. Outro ponto também proibido é a propaganda e promoção de leite artificial, mamadeiras, chupetas e afins.
Então vamos ver.
Eu tive duas meninas e, graças à Deus, meu leite começou a descer rápido, mas não tive a orientação adequada sobre o leite artifial, pois na minha cabeça só havia espaço para o aleitamento materno exclusivo até os 6 meses. Leite artificial era como um veneno no meu cérebro.
Mas imaginem a responsabilidade de ter duas boquinhas, com baixo peso, preisando muito de alimentação e com as dificuldades naturais desse processo: cansaço ao mamar, bico não muito protuso, leite com fluxo lento...
Ou seja, dias de choro, delas e meu...
No entanto, as avós existem e estão aqui para nos salvar. No terceiro dia em casa com as meninas não resisti, comprei o tal leite artificial.
Psicologicamente ou não, essa lata fez milagres em casa. Junto com ela o leite começou a descer como água, e só para deixar claro, ela durou por 2 meses...
Ter esse leite tirou o peso das minhas costas, e assim eu sabia que se algo acontecesse comigo, elas teriam alimento, mas isso quase nem foi preciso, pois nesses dois primeiros meses elas ficaram grudadas nos meus peitos quase que em período integral.
Amamentar teve momentos mágicos de contato e interação entre nós 3 que só foram possíveis novamente com auxílio de dois guerreiros que tenho ao meu lado: minha mãe e meu marido.
Nesses dois meses de aleitamento quase exclusivo eu almocei ou jantei com garfo e faca, no máximo umas 10 vezes!
É isso mesmo, eu não comia na mesa, muito menos com talheres de adulto. Minhas refeições foram dadas na minha boca, e de colher (para não cair migalha nas meninas) por minha mãe e meu marido. Os líquidos eram dados por canudo.
Nesse perído eu me resumia a dois peitos.
Todos que passavam em casa inevitavelmente me viram amamentar.
Como são duas, acabada a mamada lá ia eu entregar uma das bebês ao pai au as avós para o arroto. E assim nesse primeiro momento eu quase não desfrutava muito do aconchego com as pequenas. A prioridade era alimentação, e desse jeito com muito carinho e trabalho áduo da nossa “equipe familiar”, do primeiro ao segundo mês elas ganharam o primeiro kilo, aliás mais, 1200kg cada uma.
Foi uma grande vitória.
Mas aí começou nova luta, pois as duas sentiam (e sentem fome) quase ao mesmo tempo, e ficando maiores elas já não aceitavam dividir a mãe. Tanto por espaço, quanto por atenção mesmo.
Nessa fase, reconheço não consegui administrar essa coisa de você mama e você vai na mamadeira (leite artifial).
Dessa forma aluguei uma desmamadeira elétrica, e com ela eu passei de “dois peitos” para “mamãe”.
A bomba foi crucial para que eu pudesse viver de forma mais normal, e com isso garanti leite materno para as meninas por mais 2 meses.
O problema diminuiu, porém desmamar ainda exigia muito, muito amor e muita doação, pois é algo que só a mãe pode fazer.
Aqui em casa a jornada dupla é bem cansativa durante o dia, e dessa forma sobrava apenas a noite e madrugada para desmamar.
Ou seja, à noite depois da jantar, qunado todos dormiam lá ia eu desmamar. Depois na madrugada, entre uma mamada e outra das meninas lá ia eu novamente desmamar, pois o peito já estava cheio (e ele adorava encher perto das 3 da manhã).
E isso se repetia na manhã, e talves à tarde quando dava.
Nessa levada eu consgui garantir cerca de 600ml de leite diário para cada Maria, e com isso, mesmo com complemento elas foram ficando cada vez mais saudáveis, e desmamando do peito aos poucos.
Até que numa manhã, fazendo a “centésima” desmamada, logicamente enquanto todos de casa dormiam depois de uma noite tranquila de sono, eu não aguentei mais e resolvi parar. Isso aconteceu na manhãe de 16 de maio.
Mesmo com muito leite e sabendo de todos os benefícios, nesse momento eu fui um pouco egoísta e pensei em mim, afinal as meninas precisam de uma mãe inteira para elas, e bem inteira pois elas me dividem o tempo todo.
E assim tomei o remédio para secar, e é claro ouvi de muitos desconhecidos e “entrometidos”: “que pena!!!”, “coitadas!!!”. O que mata é que ninguém que diz uns absurdos desses ao menos já teve filhos ou se viu em igual situação.
Isso tudo fica ecoando na minha cabeça e eu precisava desabafar.
Amamentar é um ato de muito amor, e não devia ser imposto por lei ou por estranhos. Cada mãe, junto com seu filho é quem deveria estabelecer essa relação, e para ser boa, tem que ser prazerosa para ambos lados.
Lidi, desabafo (ainda com gotinhas de leite no peito), 10/06/09