terça-feira, 23 de dezembro de 2014

Cozinha das verdades

Lembro-me com muito carinho dos meus tempos de faculdade, e, em uma das aulas de psicologia, o tema foi família, e os modos de se conhecer e ver se a família "vai bem". Nessa aula o resumo que me lembro foi "a cozinha é o lugar onde se dizem as verdades". Assistimos inclusive um filme que ilustrava bem esse fato, mas o filme daquele momento não me lembrei, no entanto assisti a um outro, menos antigo (em relação ao primeiro) que também cai muito bem sobre esse assunto: Reine sobre mim (Rein over me/ 2007).
E cozinha é o foco deste texto.
Faz parte de minha natureza uma inquietação, que graças à Deus diminuiu consideravelmente, principalmente nesse ano.
Desde que me casei pensei muito em mudar de país. O charme da França, a civilidade do Canadá, os chocolates da Bélgica, enfim, um mundo distante e cheio de "gramas bem verdinhas". Aliado a isso vieram as eleições de 2010. Fiquei paranoica querendo fugir pois sabia que muitas mudanças que não concordo viriam (e vieram), enfim não entrarei nas questões políticas, principalmente por precisar estudar muito mais.
E assim, essa vontade de mudar foi crescendo muito, paralelo com a vida funcional. Encaramos um estilo de vida bem europeu em Recife. Ficamos sem doméstica, mantivemos apenas uma passadeira, procuramos usufruir do melhor que a cidade oferece gastando pouco e cuidando da nossa cidade. Passamos a frequentar o parque mais perto, procuramos convidar amigos para também ocupá-lo. Afinal para que esperar ir à Paris para fazer pic nic se há possibilidade até mesmo no nosso prédio?
Mesmo com toda essa rotina e vida viva mesmo, a nossa cozinha evidenciava que estávamos em situação de risco.
Num primeiro momento ficamos com móveis enormes e luxuosos de exatos 20 anos atrás. Com todo esse tempo eles estavam tomados por cupim. Chegou uma hora de por um fim nisso e mudamos de uma cozinha com inúmeros armários e mesa grande para 2 mini armários de aço e uma mini mesa de 80cm quadrados. Aprendizado enorme de viver com pouco.
Além disso tínhamos as portas do balcão da cozinha quase caindo... E acreditem, isso permaneceu por mais de 1 ano. Eu fazia questão de manter assim, para que eu me lembrasse que queria mudar, que lá não era o lugar...
Mas, e a vida nos dá muitos "mas", muita coisa aconteceu paralelamente: aos poucos, fui conseguindo ver o cenário internacional com outros olhos. E de modo geral o que pude observar é que estamos passando por muitas mudanças, e de ordem mundial. Por isso resolvemos que se estamos aonde estamos é porque lá é nosso "front de batalha" e por isso precisamos cuidar dele com o maior zelo possível.
Para ajudar nessa decisão encontramos uma comunidade católica "para chamar de nossa"! Nos encontramos e estamos muito bem servidos espiritualmente com os Arautos do Evangelho. Isso tudo nos ajudou (junto com outro ponto importante: educação financeira, metodologia DSOP) a tomarmos as decisões corretas e assumirmos nossa casa, fazermos dela nosso LAR.
Sempre usei e uso demais a cozinha, mas a coitada estava doente, feia, mal cuidada...
Mudamos isso e fizemos a tão sonhada reforma. Nada demais, tudo muito simples, porém do Nosso jeito.
Escolhemos os armários, as cadeiras, os pratos e copos e também fizemos uma parede!
Sim era aí que queria chegar. Depois de tudo feito coloquei literalmente a mão na massa e coloquei, com a ajuda de Popa, cores nas nossas verdades. Afinal, a cozinha sempre foi super utilizada , mas agora resolvemos deixá-la com a nossa cara, e colocamos muitas e muitas pastilhas de vidro de uma modo só nosso.
Ainda falta muito, mas quero caprichar, cada vez na minha casa, na minha família, pois assim, a cada novo projeto que termino e casa, me reabasteço para outros que virão.
Nada mais justo caprichar exatamente no lugar que alimenta a todos, que incendeia a casa com os mais variados aromas e sabores.
Fazendo um comparativo entre esses 2 últimos anos, conclui que em 2013 aprendi muito sobre o que não fazer mais, e neste 2014 que está quase no fim, aprendi o que devo fazer, e olhar para dentro, de mim, de minha família, de minha casa.
Com muitas cores, deixo meu abraço,
Lidiane (diretamente da casa da minha mãe!!!!) 23/12/2014





quarta-feira, 2 de julho de 2014

Tudo a seu tempo...

Lembrei-me do blog e fui olhar até me assustei de tanto tempo sem publicar nada, mas aconteceu.
Nesse tempo mais de uma dezena de textos passaram pela minha cabeça, porém poucos viraram rascunho.
Muita coisa vem acontecendo em minha vida e decidi que estava na hora de parar.
Durante minha época de fono, tinha a sensação de que era um vagão em um trem desgovernado sem maquinista. Pois bem, a fase fono passou, a vida correu e hoje estou eu na minha condição de esposa e mãe e sou a co-maquinista de uma família que sabe muito bem os rumos a seguir. Sim disse rumo, mas não o caminho, esse é sempre um aprendizado eterno. Mas cada vez busco mais fortalecer na fé em Deus e ter Ele como guia. Sendo assim fácil saber que o caminho é estreito e que a vida tem sua cruz, porém a graça e a beleza da vida está em conseguir fazer tudo o necessário (e um pouco a mais) com a alegria, procurando aprender, aprender e aprender.
2013 foi uma ano duro, pesado e eu pude aprender muito, principalmente o que não fazer...
Na hora doeu, precisei parar, sair pensar e o melhor de tudo foi ter a certeza do apoio de todos da minha família, os que mais amo.
No finalzinho de dezembro fiz um curso comportamental de empreendedorismo no SEBRAE, o EMPRETEC. Curso de imersão total de 6 dias. Logicamente só o fiz pois minha amada mãe estava por aqui conosco e lá fui eu. Muito bom super recomendo.
Muito do que aprendi lá coloquei em prática na minha vida pessoal, e por consequência disso estou realmente procurando estudar mais, saber o que e como fazer, e também me apegar a tudo o que é mais necessário.
Nesse janeiro senti na pele os efeitos do sobrepeso. Justamente em viagem para praia. Imagina a tristeza em ver as fotos...
Mas não foi só isso, o sobrepeso vem acompanhado por crises de dores nas costas com problemas posturais, uma tristeza.
Pensando muito em como traçar metas e fazê-las acontecer chamei meu marido (Popa) para juntos emagrecermos. Nossa meta final era alcançarmos o tão distante IMC, mas para isso fomos racionais e pé no chão. Nossa primeira meta foi reduzir 5Kg cada até a sexta de carnaval. Iniciamos em 13 de janeiro e nessa data eu estava com 78Kg.
Para alcançarmos nosso objetivo mudanças foram feitas. Nós dois iniciamos atividade física diária (sim de domingo a domingo), principalmente pelos primeiros 21 dias. Aprendi isso lá no tal curso. No começo tudo muito difícil: acordar sair pra caminhar, a caminhada lenta... parecia até que eu nem conseguiria voltar a correr como fazia antes de engravidar. Mas os resultados vieram e logo intercalei corridas nas caminhadas. Com cortes gigantes em carboidratos (e repetecos e doces e afins) os kilos começaram a ir embora, e na sexta, 28 de fevereiro eu já estava com 71kg.
Mas o melhor, a história dos 21 dias.
Eu estava firme na frequência, mas a tão sonhada corrida parecia muito difícil, no entanto num domingo à tarde lá estava eu no parque e comecei. Foi tão bom, quando dei por mim já havia corrido 3 voltas tranquila (1,5km) direto, e parei porque entrou um bichinho no meu olho. A sensação que tive é que meu cérebro tem realmente tudo bem guardadinho e ainda mantém um bom espaço para as novidades, mas como tem muitas coisas nele, ele demora até encontrar gavetas antigas ou em desuso. Desse modo ele leva os tais 21 dias até concluir seu processo. Acho ainda que ele é bem esperto, afinal em uma área tão compartimentalizada e setorizada ele não vai sair na doida a procura de coisas que, de fato, não serão úteis. Novamente os 21 dias também apontam para ele o empenho meu em voltar a fazer algo ou mesmo iniciar um novo hábito.
Atualmente em termos de IMC sou uma pessoa normal, estou hoje com 66,6kg e IMC de 24,8. O segredo agora é a manutenção.
Mas meu marido que adora tecnologia achou um aplicativo simples e que me faz ver cada descuido. Adquiri o hábito de me pesar diariamente e marcar nesse aplicativo (libra). assim ele faz o cálculo do IMC e também mostra um gráfico com o peso ao logo do tempo. Para mim ficou bem claro e tem ajudado muito no processo de mudança.
Desde o ano passado venho buscando "viver com menos" e isso é pra tudo, e sendo assim porque não comer menos também? É possível, mas não é fácil nem simples. Demora até virar um hábito. O que tenho trabalhado é muito o parar de comer ainda com vontade. Sempre que consigo vejo que realmente era vontade e não mais necessidade ou fome. Realmente o impulso de saciedade demora a chegar...
Paralelo a tudo isso várias outras decisões foram tomadas aqui em casa, e os caminhos estão sendo percorridos.
Tenho escrito bem menos até porque também tenho procurado ler mais.
Também comecei a trabalhar com uma turminha de pré-catequese na paróquia do Morro da Conceição.
Durante a quaresma vi que buscava demais na Igreja e pouco ou quase nada estava dando em troca. Estou ainda engatinhando. Tenho, novamente, muito a estudar e apender e ler, ler, ler...
Ah, a Rocha das Artes ainda existe e até recebo encomendas, e no momento muito tenho feito de demandas internas. Com essa mudança de corpo o guarda-roupa se esvaziou. Aos poucos estou trabalhando em costurinhas para mim. A vida segue.

Aqui está um gráfico desatualizado do programa que disse.
Abraços e até outro dia!
Lidiane

sexta-feira, 16 de agosto de 2013

Suficiente

Não é preciso pensar muito para ver que, atualmente há muitas opções de qualquer coisa que seja, inclusive pontos de vista.
Qualquer objeto e bens de consumo tiveram um crescimento alarmante nos últimos 30 anos.
Com tantas opções assim fica fácil a dúvida, e por consequência o consumo disnecessário. Atire a primeira pedra quem nunca precisou descartar um produto de compra infeliz ou mesmo aquela comidinha que sobrou, foi até guardada mas não durou...
Enfim, parece que nos esquecemos do que realmente é necessário.
Aqui devo assumir minhas culpas e, claro, meu texto e assumir a fala.
Não sou mulher maravilha, nem em sonho desejo isso, e muito menos o outro oposto de fútil de plantão. Aos poucos que me conhecem sabem que sou muito mais de colocar as mãos na massa e fazer (para) acontecer. 
Mas mesmo assim, pensando sempre dentro do meu reduto, procuro agir com consciência, mas bastou uma puxada no freio de mão que veio à tona todo o meu grande apego irrestrito a tudo o que me cerca.
Fato importante: minhas filhas brincam hoje, abril de 2013, com alguns dos brinquedos que foram meus, e adquiridos no ano de 1983!!!!
Apegada eu????
Imagina!
Bobagem!
Mas vamos lá, minha casa não será um museu, e nem mesmo a da minha mãe, e, por falar nisso preciso fazer a varredura final dos meus inúmeros acervos de lá...
Voltando aos fatos.
No período da quaresma procurei assumir o compromisso de ver, a partir de mim o que, realmente é suficiente. Parti do básico: o guarda-roupa, depois passei para a casa e até mesmo fiz uma dessa sessões de desapego com minhas filhas. Vários brinquedos em bom uso tomaram outros destinos.
Na hora do vamos ver é um sufoco. Dá até vontade de desistir, poque quanto mais se procura, mais se acha. No entanto, com envolvimento de todos, eu diria que a missão teve êxito.
Creio que retiramos daqui de casa o equivalente  uma caçamba, e o mais chocante: nada fez falta!
Até mesmo nos meus materiais de trabalho. Adoro tecidos e, claro, tenho muitos, no entanto, por mais que os use e reutilize, chega um momento que preciso descartar, caso contrário não caibo no ateliê.
Até aí tudo bem, mas dia desses senti doer o quanto o consumismo faz o valor das coisas cair ao quase nada.
Quem tem filhos pequenos sabe muito bem: brincadeira uma beleza, mas na hora de guardar nada. Nessa situação básica lá estavam no chão, a meio metro da caixa dos brinquedos: a Barbie de bicicleta e a princesa Ariel. Os avisos de guardar foram dados, o pedido foi feito e aí parti para a ameaça: guarde, caso contrário eu doo para outra criança. E qual foi a resposta: pode doar mamãe! Meu mundo caiu, meu chão se abriu. Ajoelhei no chão, e com a garganta travada expliquei que queria apenas que ela guardasse na caixa, senão teria que doar. Ela ainda mais firme, com a certeza de uma caixa cheia de outras princesas e Barbies respondeu: pode doar mamãe, doe para outra criança que não tem!
Doeu em mim. Quem tem 30 anos ou mais sabe que boneca não vinham às duzias na infância, e que, quanto mais apetrecho mais difícil era ganhar.
Difícil fazer esses paralelos, mas é fato, quanto mais se tem, menos valor se dá.
Eu tento ao máximo me controlar, mas, mesmo com nó na garganta lá fui eu levar as bonecas quase novas para a doação. Que as crianças que as receberem deem mais mais valor e brinquem com elas por muito tempo.
Abraço,
Lidiane

Eu gosto de gente

Acabei de postar um texto "de hoje", e ao procurar encontro esse rascunho.
Acho que ele é complemento, lembrando que ele foi escrito no mês de maio, quando voltei para casa, depois de uns bons (e curtos) dias na casa da minha mãe.

"Toda vez que volto para a casa da minha mãe no interior de São Paulo tomo uma injeção de humanidade.
Nas cidades grandes eu vou me diluindo em meio a multidão e já não fica possível cruzar com alguém no meio da rua e simplesmente cumprimentá-la.
E eu gosto disso.
Olhar para alguém que nunca vi antes e, com sorriso no rosto dizer bom dia, boa tarde, boa noite.
Eu fico realmente feliz com isso.
E sou assim, gosto de me vincular as pessoas, criar laços e, na medida do possível mantê-los.
Ainda na minha estadia na minha mãe pude ter o privilégio  de reencontrar e conhecer os frutos de amigas da minha época de faculdade.
Em Marília éramos em 33 alunas do curso de fonoaudiologia. Em Guariba somamos 9 mais filhos e maridos.
Foi uma tarde maravilhosa.
Rever pessoas queridas conhecer crianças adoráveis e ver que, no final de contas o que realmente vale são os laços.
Um laço bem feito, com carinho e afeto dura, alegra a alma e nos recarrega.
É preciso nos reabastecermos do nosso lado humano. Todos o temos, mas no corre corre da cidade acabamos deixando ele de lado.
É tanto a fazer, organizar e conquistar que o nosso melhor vai diminuindo...
Como disse gosto de gente.
Sou gentedependente.
Se gosto fidelizo, simples assim.
Que nosso humano seja o nosso lado bom.
Com carinho e afeto,
Lidiane"

“E narciso acha feio o que não é espelho”

Frase clássica de Caetano Veloso ao se deparar com o novo. 
Cai tão bem em mim, e mesmo sabendo que é assim que angustio, reclamo e, infelizmente levo um tempo para me acostumar...
Esse ano as meninas mudaram de escola. Saíram de uma escola pequena que adoro, mas precisávamos dar um passo além. Fomos para uma escola maior. A turma que antes tinha 8 alunos, ou seja apenas 6 colegas de sala, passou para 28, na verdade 2 turmas, cada uma com uma professora!
Por mais que quisesse, decorar nomes e até mesmo os rostinhos, até hoje devo dizer que ainda não sei...
Em meio a tudo isso veio ainda o medo, insegurança e desconhecimento em relação aos também novos pais.
É quase impossível conhecer todos, pois nem sempre coincidem as idas e vindas, e aí, é claro arrumar defeitos naquilo que está fora de mim é o caminho mais fácil.
E assim, dessa forma achando que os outros eram menos abertos quem se fechou foi eu!
Passei um semestre sem muitos contatos, para ajudar a agenda foi fechada com atividades de segunda a sexta. Vendo assim nada de mais, tudo normal, porém essa não é a minha natureza. Adoro receber, ver a casa viva.
Para sair do marasmo na semana passada convidei uma amiguinha, mas essa já é de casa. Nesse momento pude perceber que, além das meninas eu também estava com saudades disso.
A partir daí não teve mais jeito, precisei sair do casulo e, para minha surpresa, as mães que convidei foram super abertas e gratas, e hoje vieram duas novas amigas aqui pra casa. A terceira nova convidada não pôde por motivos super bem explicados pela mãe e já está na fila para próximas ocasiões.
É, não tem jeito, muitas dúvidas aparecem ao decorrer do caminho, mas uma coisa é fato: gosto e preciso de gente, e isso me ensina, me fortalece, me faz, sem dúvida uma pessoa melhor.
Às mães novas: Karina e Gerlane meus agradecimentos e todos os amigos de sempre, saibam que todos povoam meus pensamentos com o maior carinho.
E hoje a casa realmente ficou bem animada, além das 4 já citadas, estiveram também minha afilhada Letícia e Bruna.
Ah, a propósito estou na espera de dias mais seguros, sem tantas possibilidades de chuva para novos pic nic matutinos.
Ainda com os sorrisos de todas na lembrança deixo aqui um abraço e meu sorriso,
Lidiane, 16/07/2013



sexta-feira, 7 de junho de 2013

MAMA

É fato: o tempo voa!
Depois que minhas filhas chegaram tenho plena certeza disso, e por conta disso não me arrependo de estar ao lado delas em maior parte desses primeiros anos. Considero isso um enorme privilégio e, mesmo me sentindo cansada e às vezes meio sufocada, tudo isso vale a pena, e como vale!
Quem me conhece de perto já me ouviu dizer: o primeiro ano de uma criança demora (ou pelo menos pareceu demorar para mim) uns 5 anos, o segundo dois e, depois do aniversário de 2 anos cada ano passa muito rápido, muito, muito rápido, e como disse outra grande amiga "passa tão rápido que dói!"
Aquela sensação de que foi ontem é constante.
Olho para o rostinho delas e nem acredito...
E a vida segue, as nossas conversas são cada vez melhores e eu me delicio com todas as descobertas.
Ontem, dia 06 de junho aconteceu mais uma delas.
Para curtir nosso tempo juntas e passar a manhã de uma quinta feira de greve de professores do ensino privado (isso até agora eu não entendo e não engulo, a vontade é usar o nariz de palhaço constantemente, principalmente na volta da tal greve...) vasculhei meus arquivos de ideias do facebook e escolhi a coruja de rolo de papel higiênico.
E lá fomos nós três para o momento de execução. Eu adoro!
A primeira vez fiz junto com elas, depois elas fizeram mais uma para cada, no total 5 corujas.
Logo que acabaram Maria Luiza prontamente "aceitou" a minha coruja, dizendo que as delas ficariam felizes em ter mais uma amiga.
Essas corujas renderam brincadeira para o dia todo. As corujas estavam em todas. Apenas não foram para a água, de resto transitaram por tudo.
E com tanta ideia, não demorou muito para elas marcarem o nome. Maria Helena resolveu de forma rápida, escreveu em "helenês" (sua letra cursiva é um monte de voltinhas juntas) e Maria Luiza escreveu mesmo.
Quando vi que Luiza havia escrito nas 3 contestei: mas filha, uma delas fui eu quem fiz.
Maria Luiza saiu da cozinha e voltou com seu sorriso de sempre: resolvido mamãe, escrevi mamãe na sua.
Eu confesso que não vi, pois a tal coruja estava em outro canto.
A noite depois de tudo pego as corujas e o que vejo: "mama"
Essa foi a primeira palavra espontânea dela e, claro para mim um troféu.
Abraços da mamãe Mama,
Lidiane


sexta-feira, 26 de abril de 2013

1 ano 3 meses e alguns dias...

Na madrugada entre domingo e segunda essa contagem volta a zero.
Há pouco mais de 10 anos tive a certeza de que o amor me levaria para outros ares.
Final de 2002, mais precisamente numa noite de 12 de dezembro fui para um forró pra lá de especial, uma noite que mudaria o rumo da minha para sempre, e para melhor devo dizer. Viver ao lado de quem se ama é sempre melhor, criar família e tudo o mais.
Bom, mas voltando ao fato, é que poucos dias depois, meu marido me abordou com a questão: "olha tenho uma coisa para lhe dizer, como sabe sou de Recife, e é para lá que eu vou depois do doutorado, e aí, ainda sim, vai encarar?"
Não titubei no sim, nem nesse dia, nem no casamento.
Esse sim se renova a cada dia, a cada conquista da gente, a cada fase ruim.
Nesses anos fomos criando uma família e ela já é maior que nós.
Viver isso tudo é maravilhoso.
No entanto o mundo ultrapassa, em longe, os limites do nosso lar. Somos 4 e somos muito mais. Nossas histórias dependem de muitas outras pessoas, e, a cada amizade, nossa teia de vida se fortalece e cresce para o infinito e além...
Mas sempre há o porto seguro, a casa da mãe, a pasárgada.
Tenho o privilégio de contar com sogros amigos, amados e presentes, mas mesmo sendo "minha mãe loira", a minha mãe de verdade mora a exatos 2564Km de distância, e isso é tempo...
E, finalmente depois de passar o maior período sem voltar a casa da minha mãe, voltarei (com a trupe toda!) nessa segunda feira.
Nesse tempo todo a vida tem me ensinado muitas coisas. Vou tentar enumerá-las:

  1. Narciso acha feio o que não é espelho. Viva Caetano! Isso é super mega hiper aplicável a mim. Isso é algo que procuro mudar, mas quando vejo, já fiz. Claro gosto de morar aqui em Recife e já me adaptei, porém é inegável as diferenças culturais. Vou me ater basicamente na gastronomia. Logo que cheguei achei um horror tapioca, cuscuz, feijão verde, arrumadinho, buchada, galinha de cabidela... A lista é grandinha. Porém, aos poucos, com muita paciência do meu marido e também uma oferta grande, fui cedendo. Continuo sem gostar de coentro, e acredito piamente que ele "piora" e muito, vários pratos que gosto como nas aves e saladas, porém vejo que nos peixes seu gosto se dilui melhor, ficando até discreto. Já o cuscuz me ganhou fácil, além de gostoso é fácil e rápido de fazer, e outra campeã é a tapioca. Essa o processo foi mais lento, e aprendi que "coco e queijo", misturando os de coalho e mussarela fica simplesmente maravilhosa. Além é claro, da mais que especial da Oficina Brennand: "tapioca de capuccino" essa é uma iguaria sem fim. Dessa forma, aqui em casa entrou na rotina: "cozido", bolo de rolo (esse eu nunca tive problema algum!), jerimum no feijão, feijão verde, arrumadinho, tapioca, mas quanto a galinha de cabidela, buchada e sarapatel eu passo a vez, prefiro os camarões e o meu preferido: siri mole!
  2. "A grama do vizinho é sempre mais verde...", mas se olhar bem, cada grama tem sua beleza! Pois é tem coisas incomparáveis. Não dá para querer comer um abacaxi doce, como o do parque da Jaqueira em Guariba assim como não dá para comer pêssego bom aqui em Recife, ponto!
  3. Sou uma estrangeira brasileira. Sim, com tanta distancia as variações linguísticas são inevitáveis, e eu tenho uma capacidade grande de assimilação e contaminação, sendo assim já não sou mais paulista, muito menos serei nordestina. Nem posso dizer que sou cidadã do mundo, pois tão pouco falo inglês snif snif... Basta abrir a boca e vem a sentença: nossa como você está falando! E minhas filhas. É bem interessante ver as diferenças entre elas; Maria Luiza é pernambucana até dizer basta, já Maria Helena que tem a veia de pesquisadora do pai faz muitos experimentalismos linguísticos  Ela usa os vários tipos de R. Por exemplo se digo "meu amor" ela imediatamente repete com o R de Guariba, e em outros momentos usa naturalmente o R daqui de Recife.
  4. Morar na capital tem muitas opções de laser e cultura, porém afasta a todos e eu gosto de gente, de criar e manter vínculos, e tenho uma essência mais que interiorana, tenho uma essência colonial. Meus primeiros 10 anos foram em colônias de trabalhadores de usina de açúcar e álcool  Nessa época frequentar as casas, correr sem medo, rezar o terço durante o mês de maio cada dia em uma casa, eram hábitos naturais. Para mim, os vínculos são necessários. Na cidade grande isso é um desafio e um esforço grande, pois todos nós, além das nossas ocupações, estamos sempre driblando as confusões de trânsito e tempo. Uma pena... Mas eu não desisto, eu tenho fé nos encontros, nas amizades nos vínculos e não é a toa que, desde que estou aqui em Recife, lá estou indo novamente para o interior de São Paulo com a missão de reunir, pela segunda vez, minhas amadas amigas dos tempos de Marília, época em que cursei e me formei em Fonoaudiologia em 1997!
Entre tanto a fazer devo me dedicar agora entre arrumar malas e preenche-las com amor, sabores e saberes desse tempo de espera.
Guariba a aí vou eu!
Lidiane, 26 de abril