sexta-feira, 16 de agosto de 2013

Suficiente

Não é preciso pensar muito para ver que, atualmente há muitas opções de qualquer coisa que seja, inclusive pontos de vista.
Qualquer objeto e bens de consumo tiveram um crescimento alarmante nos últimos 30 anos.
Com tantas opções assim fica fácil a dúvida, e por consequência o consumo disnecessário. Atire a primeira pedra quem nunca precisou descartar um produto de compra infeliz ou mesmo aquela comidinha que sobrou, foi até guardada mas não durou...
Enfim, parece que nos esquecemos do que realmente é necessário.
Aqui devo assumir minhas culpas e, claro, meu texto e assumir a fala.
Não sou mulher maravilha, nem em sonho desejo isso, e muito menos o outro oposto de fútil de plantão. Aos poucos que me conhecem sabem que sou muito mais de colocar as mãos na massa e fazer (para) acontecer. 
Mas mesmo assim, pensando sempre dentro do meu reduto, procuro agir com consciência, mas bastou uma puxada no freio de mão que veio à tona todo o meu grande apego irrestrito a tudo o que me cerca.
Fato importante: minhas filhas brincam hoje, abril de 2013, com alguns dos brinquedos que foram meus, e adquiridos no ano de 1983!!!!
Apegada eu????
Imagina!
Bobagem!
Mas vamos lá, minha casa não será um museu, e nem mesmo a da minha mãe, e, por falar nisso preciso fazer a varredura final dos meus inúmeros acervos de lá...
Voltando aos fatos.
No período da quaresma procurei assumir o compromisso de ver, a partir de mim o que, realmente é suficiente. Parti do básico: o guarda-roupa, depois passei para a casa e até mesmo fiz uma dessa sessões de desapego com minhas filhas. Vários brinquedos em bom uso tomaram outros destinos.
Na hora do vamos ver é um sufoco. Dá até vontade de desistir, poque quanto mais se procura, mais se acha. No entanto, com envolvimento de todos, eu diria que a missão teve êxito.
Creio que retiramos daqui de casa o equivalente  uma caçamba, e o mais chocante: nada fez falta!
Até mesmo nos meus materiais de trabalho. Adoro tecidos e, claro, tenho muitos, no entanto, por mais que os use e reutilize, chega um momento que preciso descartar, caso contrário não caibo no ateliê.
Até aí tudo bem, mas dia desses senti doer o quanto o consumismo faz o valor das coisas cair ao quase nada.
Quem tem filhos pequenos sabe muito bem: brincadeira uma beleza, mas na hora de guardar nada. Nessa situação básica lá estavam no chão, a meio metro da caixa dos brinquedos: a Barbie de bicicleta e a princesa Ariel. Os avisos de guardar foram dados, o pedido foi feito e aí parti para a ameaça: guarde, caso contrário eu doo para outra criança. E qual foi a resposta: pode doar mamãe! Meu mundo caiu, meu chão se abriu. Ajoelhei no chão, e com a garganta travada expliquei que queria apenas que ela guardasse na caixa, senão teria que doar. Ela ainda mais firme, com a certeza de uma caixa cheia de outras princesas e Barbies respondeu: pode doar mamãe, doe para outra criança que não tem!
Doeu em mim. Quem tem 30 anos ou mais sabe que boneca não vinham às duzias na infância, e que, quanto mais apetrecho mais difícil era ganhar.
Difícil fazer esses paralelos, mas é fato, quanto mais se tem, menos valor se dá.
Eu tento ao máximo me controlar, mas, mesmo com nó na garganta lá fui eu levar as bonecas quase novas para a doação. Que as crianças que as receberem deem mais mais valor e brinquem com elas por muito tempo.
Abraço,
Lidiane

Eu gosto de gente

Acabei de postar um texto "de hoje", e ao procurar encontro esse rascunho.
Acho que ele é complemento, lembrando que ele foi escrito no mês de maio, quando voltei para casa, depois de uns bons (e curtos) dias na casa da minha mãe.

"Toda vez que volto para a casa da minha mãe no interior de São Paulo tomo uma injeção de humanidade.
Nas cidades grandes eu vou me diluindo em meio a multidão e já não fica possível cruzar com alguém no meio da rua e simplesmente cumprimentá-la.
E eu gosto disso.
Olhar para alguém que nunca vi antes e, com sorriso no rosto dizer bom dia, boa tarde, boa noite.
Eu fico realmente feliz com isso.
E sou assim, gosto de me vincular as pessoas, criar laços e, na medida do possível mantê-los.
Ainda na minha estadia na minha mãe pude ter o privilégio  de reencontrar e conhecer os frutos de amigas da minha época de faculdade.
Em Marília éramos em 33 alunas do curso de fonoaudiologia. Em Guariba somamos 9 mais filhos e maridos.
Foi uma tarde maravilhosa.
Rever pessoas queridas conhecer crianças adoráveis e ver que, no final de contas o que realmente vale são os laços.
Um laço bem feito, com carinho e afeto dura, alegra a alma e nos recarrega.
É preciso nos reabastecermos do nosso lado humano. Todos o temos, mas no corre corre da cidade acabamos deixando ele de lado.
É tanto a fazer, organizar e conquistar que o nosso melhor vai diminuindo...
Como disse gosto de gente.
Sou gentedependente.
Se gosto fidelizo, simples assim.
Que nosso humano seja o nosso lado bom.
Com carinho e afeto,
Lidiane"

“E narciso acha feio o que não é espelho”

Frase clássica de Caetano Veloso ao se deparar com o novo. 
Cai tão bem em mim, e mesmo sabendo que é assim que angustio, reclamo e, infelizmente levo um tempo para me acostumar...
Esse ano as meninas mudaram de escola. Saíram de uma escola pequena que adoro, mas precisávamos dar um passo além. Fomos para uma escola maior. A turma que antes tinha 8 alunos, ou seja apenas 6 colegas de sala, passou para 28, na verdade 2 turmas, cada uma com uma professora!
Por mais que quisesse, decorar nomes e até mesmo os rostinhos, até hoje devo dizer que ainda não sei...
Em meio a tudo isso veio ainda o medo, insegurança e desconhecimento em relação aos também novos pais.
É quase impossível conhecer todos, pois nem sempre coincidem as idas e vindas, e aí, é claro arrumar defeitos naquilo que está fora de mim é o caminho mais fácil.
E assim, dessa forma achando que os outros eram menos abertos quem se fechou foi eu!
Passei um semestre sem muitos contatos, para ajudar a agenda foi fechada com atividades de segunda a sexta. Vendo assim nada de mais, tudo normal, porém essa não é a minha natureza. Adoro receber, ver a casa viva.
Para sair do marasmo na semana passada convidei uma amiguinha, mas essa já é de casa. Nesse momento pude perceber que, além das meninas eu também estava com saudades disso.
A partir daí não teve mais jeito, precisei sair do casulo e, para minha surpresa, as mães que convidei foram super abertas e gratas, e hoje vieram duas novas amigas aqui pra casa. A terceira nova convidada não pôde por motivos super bem explicados pela mãe e já está na fila para próximas ocasiões.
É, não tem jeito, muitas dúvidas aparecem ao decorrer do caminho, mas uma coisa é fato: gosto e preciso de gente, e isso me ensina, me fortalece, me faz, sem dúvida uma pessoa melhor.
Às mães novas: Karina e Gerlane meus agradecimentos e todos os amigos de sempre, saibam que todos povoam meus pensamentos com o maior carinho.
E hoje a casa realmente ficou bem animada, além das 4 já citadas, estiveram também minha afilhada Letícia e Bruna.
Ah, a propósito estou na espera de dias mais seguros, sem tantas possibilidades de chuva para novos pic nic matutinos.
Ainda com os sorrisos de todas na lembrança deixo aqui um abraço e meu sorriso,
Lidiane, 16/07/2013



sexta-feira, 7 de junho de 2013

MAMA

É fato: o tempo voa!
Depois que minhas filhas chegaram tenho plena certeza disso, e por conta disso não me arrependo de estar ao lado delas em maior parte desses primeiros anos. Considero isso um enorme privilégio e, mesmo me sentindo cansada e às vezes meio sufocada, tudo isso vale a pena, e como vale!
Quem me conhece de perto já me ouviu dizer: o primeiro ano de uma criança demora (ou pelo menos pareceu demorar para mim) uns 5 anos, o segundo dois e, depois do aniversário de 2 anos cada ano passa muito rápido, muito, muito rápido, e como disse outra grande amiga "passa tão rápido que dói!"
Aquela sensação de que foi ontem é constante.
Olho para o rostinho delas e nem acredito...
E a vida segue, as nossas conversas são cada vez melhores e eu me delicio com todas as descobertas.
Ontem, dia 06 de junho aconteceu mais uma delas.
Para curtir nosso tempo juntas e passar a manhã de uma quinta feira de greve de professores do ensino privado (isso até agora eu não entendo e não engulo, a vontade é usar o nariz de palhaço constantemente, principalmente na volta da tal greve...) vasculhei meus arquivos de ideias do facebook e escolhi a coruja de rolo de papel higiênico.
E lá fomos nós três para o momento de execução. Eu adoro!
A primeira vez fiz junto com elas, depois elas fizeram mais uma para cada, no total 5 corujas.
Logo que acabaram Maria Luiza prontamente "aceitou" a minha coruja, dizendo que as delas ficariam felizes em ter mais uma amiga.
Essas corujas renderam brincadeira para o dia todo. As corujas estavam em todas. Apenas não foram para a água, de resto transitaram por tudo.
E com tanta ideia, não demorou muito para elas marcarem o nome. Maria Helena resolveu de forma rápida, escreveu em "helenês" (sua letra cursiva é um monte de voltinhas juntas) e Maria Luiza escreveu mesmo.
Quando vi que Luiza havia escrito nas 3 contestei: mas filha, uma delas fui eu quem fiz.
Maria Luiza saiu da cozinha e voltou com seu sorriso de sempre: resolvido mamãe, escrevi mamãe na sua.
Eu confesso que não vi, pois a tal coruja estava em outro canto.
A noite depois de tudo pego as corujas e o que vejo: "mama"
Essa foi a primeira palavra espontânea dela e, claro para mim um troféu.
Abraços da mamãe Mama,
Lidiane


sexta-feira, 26 de abril de 2013

1 ano 3 meses e alguns dias...

Na madrugada entre domingo e segunda essa contagem volta a zero.
Há pouco mais de 10 anos tive a certeza de que o amor me levaria para outros ares.
Final de 2002, mais precisamente numa noite de 12 de dezembro fui para um forró pra lá de especial, uma noite que mudaria o rumo da minha para sempre, e para melhor devo dizer. Viver ao lado de quem se ama é sempre melhor, criar família e tudo o mais.
Bom, mas voltando ao fato, é que poucos dias depois, meu marido me abordou com a questão: "olha tenho uma coisa para lhe dizer, como sabe sou de Recife, e é para lá que eu vou depois do doutorado, e aí, ainda sim, vai encarar?"
Não titubei no sim, nem nesse dia, nem no casamento.
Esse sim se renova a cada dia, a cada conquista da gente, a cada fase ruim.
Nesses anos fomos criando uma família e ela já é maior que nós.
Viver isso tudo é maravilhoso.
No entanto o mundo ultrapassa, em longe, os limites do nosso lar. Somos 4 e somos muito mais. Nossas histórias dependem de muitas outras pessoas, e, a cada amizade, nossa teia de vida se fortalece e cresce para o infinito e além...
Mas sempre há o porto seguro, a casa da mãe, a pasárgada.
Tenho o privilégio de contar com sogros amigos, amados e presentes, mas mesmo sendo "minha mãe loira", a minha mãe de verdade mora a exatos 2564Km de distância, e isso é tempo...
E, finalmente depois de passar o maior período sem voltar a casa da minha mãe, voltarei (com a trupe toda!) nessa segunda feira.
Nesse tempo todo a vida tem me ensinado muitas coisas. Vou tentar enumerá-las:

  1. Narciso acha feio o que não é espelho. Viva Caetano! Isso é super mega hiper aplicável a mim. Isso é algo que procuro mudar, mas quando vejo, já fiz. Claro gosto de morar aqui em Recife e já me adaptei, porém é inegável as diferenças culturais. Vou me ater basicamente na gastronomia. Logo que cheguei achei um horror tapioca, cuscuz, feijão verde, arrumadinho, buchada, galinha de cabidela... A lista é grandinha. Porém, aos poucos, com muita paciência do meu marido e também uma oferta grande, fui cedendo. Continuo sem gostar de coentro, e acredito piamente que ele "piora" e muito, vários pratos que gosto como nas aves e saladas, porém vejo que nos peixes seu gosto se dilui melhor, ficando até discreto. Já o cuscuz me ganhou fácil, além de gostoso é fácil e rápido de fazer, e outra campeã é a tapioca. Essa o processo foi mais lento, e aprendi que "coco e queijo", misturando os de coalho e mussarela fica simplesmente maravilhosa. Além é claro, da mais que especial da Oficina Brennand: "tapioca de capuccino" essa é uma iguaria sem fim. Dessa forma, aqui em casa entrou na rotina: "cozido", bolo de rolo (esse eu nunca tive problema algum!), jerimum no feijão, feijão verde, arrumadinho, tapioca, mas quanto a galinha de cabidela, buchada e sarapatel eu passo a vez, prefiro os camarões e o meu preferido: siri mole!
  2. "A grama do vizinho é sempre mais verde...", mas se olhar bem, cada grama tem sua beleza! Pois é tem coisas incomparáveis. Não dá para querer comer um abacaxi doce, como o do parque da Jaqueira em Guariba assim como não dá para comer pêssego bom aqui em Recife, ponto!
  3. Sou uma estrangeira brasileira. Sim, com tanta distancia as variações linguísticas são inevitáveis, e eu tenho uma capacidade grande de assimilação e contaminação, sendo assim já não sou mais paulista, muito menos serei nordestina. Nem posso dizer que sou cidadã do mundo, pois tão pouco falo inglês snif snif... Basta abrir a boca e vem a sentença: nossa como você está falando! E minhas filhas. É bem interessante ver as diferenças entre elas; Maria Luiza é pernambucana até dizer basta, já Maria Helena que tem a veia de pesquisadora do pai faz muitos experimentalismos linguísticos  Ela usa os vários tipos de R. Por exemplo se digo "meu amor" ela imediatamente repete com o R de Guariba, e em outros momentos usa naturalmente o R daqui de Recife.
  4. Morar na capital tem muitas opções de laser e cultura, porém afasta a todos e eu gosto de gente, de criar e manter vínculos, e tenho uma essência mais que interiorana, tenho uma essência colonial. Meus primeiros 10 anos foram em colônias de trabalhadores de usina de açúcar e álcool  Nessa época frequentar as casas, correr sem medo, rezar o terço durante o mês de maio cada dia em uma casa, eram hábitos naturais. Para mim, os vínculos são necessários. Na cidade grande isso é um desafio e um esforço grande, pois todos nós, além das nossas ocupações, estamos sempre driblando as confusões de trânsito e tempo. Uma pena... Mas eu não desisto, eu tenho fé nos encontros, nas amizades nos vínculos e não é a toa que, desde que estou aqui em Recife, lá estou indo novamente para o interior de São Paulo com a missão de reunir, pela segunda vez, minhas amadas amigas dos tempos de Marília, época em que cursei e me formei em Fonoaudiologia em 1997!
Entre tanto a fazer devo me dedicar agora entre arrumar malas e preenche-las com amor, sabores e saberes desse tempo de espera.
Guariba a aí vou eu!
Lidiane, 26 de abril 

sábado, 20 de abril de 2013

Vida doméstica

Acho que vou mexer em vespeiro...
Bom, aqui em casa somos 4, como sabem dois adultos e duas crianças agora com 4 anos e 3 meses.
É obvio que manter o mínimo de arrumação dá trabalho, para isso, eu que trabalho em casa, fazendo artesanato, conto a ajuda fiel de uma passadeira semanal.
Sim é isso.
Antes de mais nada estou em busca de uma faxineira, também 1 vez na semana e aí sim ficarei bem mais feliz  e em harmonia, comigo, com minha família e com a casa.
Sair de um trabalho "fixo" quando as meninas nasceram foi uma decisão difícil e, no final das contas não era compensador financeiramente eu voltar a trabalhar como fonoaudióloga (isso porque no meu antigo trabalho eu entrei por análise de currículo, então meu mestrado contou pontos a meu favor), pois mesmo formada há mais de 10 anos em com pós graduação meu salário não alcançava o valor de R$1000,00, sim o valor é esse mesmo, na verdade menos, eu recebi, até maio de 2009 R$853,00!!!!!!!!
O valor era igual a todos os profissionais de saúde e sem nenhuma gratificação por pós graduação.
No início algumas pessoas questionaram a respeito da minha saída, mas ao relatar os dados numéricos, todos ficaram sem reação.
É inegável que TODOS precisamos de remuneração adequada, no entanto, em 12 anos de atuação eu vi na pele que meus esforços estavam morrendo na praia. Ao comparar o meu salário, com anos de dedicação a fio com o de uma doméstica sempre me vi na pior...
O fato é que, mesmo com tudo isso, sempre valorizei tal trabalho, e costumo dizer que aqui todas as 13 que passaram, durante o período de 2 anos e 2 meses (período) desde o nascimento das minhas filhas, foram tratadas com dignidade e respeito.
Aqui, eu e meu marido NUNCA pensamos na possibilidade de alguém dormindo em nosso apartamento. Sempre fomos da opinião que, assim como nós temos a nossa família e a nossa privacidade, a outra pessoa também tem tais direitos, afinal, ela é apenas uma funcionária e não faz parte da família.
Outro ponto muito importante, é que também, de comum acordo, nós dois sempre acreditamos que nossas filhas são "um empréstimo de Deus" para nós, e que nós é quem somos responsáveis por elas. familiares, funcionários e escolas são todos coadjuvantes. As dores das madrugadas pertencem tão somente à nós, assim como os vômitos nos domingos à noite, as acordadas perdidas na madrugada...
Tudo isso faz parte do grande pacote FAMÍLIA, caso contrário seríamos 4 avulsos pelo mundo...
Bom, voltando às domésticas, vamos ao lado prático da história.
Com a chegada de 2 bebês quase prematuras em casa, é óbvio que toda a ajuda do mundo foi necessária. Mesmo tendo minha mãe conosco por necessários 10 meses, tendo meus sogros que nos apoiam demais, ainda sim a doméstica foi vital.
Mas uma outra pessoa nesse cenário também não foi só ajuda não, Não foi à toa que passaram o número de 13!
Nesse período aprendi, a duras penas o quanto vale o meu sossego, o que realmente é a minha casa, e principalmente QUEM eu deixo entrar a minha casa e influenciar as minhas filhas.
Partindo do princípio que minha graduação é em fonoaudiologia e minhas pós graduações, tanto especialização quanto mestrado, foram na área de aquisição de linguagem infantil, eu não podia, por todos os meus princípios delegar esses anos tão essenciais das minhas filhas à pessoas infinitamente menos qualificada.
Sem frescura, e sem preconceito, aqui estou falando sim de PÓS CONCEITO. Acho inacreditável a capacidade que quase todas, senão todas, as pessoas capacitadas como domésticas e babás têm de falar ao celular e ao telefone da casa, leia-se o meu!
Todas elas ficam o tempo todo ao telefone e são sempre elas que resolvem os problemas da família toda. Na verdade isso nem entra em questão, pois mãe já sabe né, sobra tudo e mais um pouco.
Mas fico chocada vendo filha e filho de mais de 20 anos ligar para falar nada, contar fofoca, em pleno expediente de trabalho, entre outras coisas.
Fala-se muito dos direitos, mas esquecem dos deveres. Essas pessoas são funcionárias e, a partir do nome, deveriam sim funcionar!
Aqui em casa uso a seguinte frase: "eu preciso de alguém que me ajude, pois para me atrapalhar, sozinha eu consigo!"
E é bem isso mesmo.
Vou aos casos:
* Uma delas não dava conta de fazer o trabalho. Ao ver as roupas (muitos paninhos das bebês), sentava no chão e chorava... Sim isso é verdade, e mais, não dando conta, ligava para a mãe, que faz faxina pelo bairro, para vir ajudá-la.
*Outra apareceu procurando trabalho em abril, quando as meninas eram bem bebezinhas, eu precisava demais. Não tive empatia. Rezei para ela não aparecer mas ela veio :(
Primeiro ela quis cantar Calipso para as meninas, e óbvio, eu cortei. Outro dia, eu estava com o CD de Chico Buarque e ela, na sala com uma das meninas colo disse: "isso aí que tá tocando, não toca mesmo lá em casa. Nem isso nem aqueles dois baianos  o preto e o branco, não toca mesmo." Para confirmar eu perguntei: "Caetano e Gil?" E ela "esses dois mesmo!"
Essa mesma "peça" terminou seu grande período de 4 meses aqui em casa com a mais "bela" de todas as pérolas que já vi. Na verdade foi um tipo de soco, tão grande que nem tive reação para resposta imediata. Isso aconteceu na sexta e só reagi na segunda.
Estávamos eu, minha mãe e as bebês na sala, brincando apenas nós. Eis que surge, vindo da cozinha a criatura e solta: "a senhora só ficou bonita do dia do seu casamento e depois nunca mais!" Dito isso virou as costas e voltou para a cozinha.
Acreditem isso foi verdade sim. Não posso provar pois não tenho câmeras em casa, mas minha viu e ouviu isso, e assim como eu, ficou de boca aberta e sem reação.
Eu juro, pelo que há de mais sagrado que isso aconteceu e que eu fiquei tão perdida, e sem chão que esperei que meu marido chegasse de viagem para resolvermos s situação. Obviamente ela foi demitida logo na chegada da segunda feira.
O aprendizado custa, e história reverberou em mim até cair a ficha. Porque ela soltou essa pérola? É obvio, havia passado e período de experiência, ela sabia que ganharia a mais por isso, e daí esperou pelo tempo e fez essa palhaçada.
Lição vivida, lição aprendida
*Algumas tentativas depois, e as meninas já por volta de 1 ano e 1 mês eis que novamente aparecem problemas. Nessa fase as meninas estavam com virose e, claro, quem tem filho sabe é um nó. Os vômitos aparecem a gente fica perdida.
Em meio a esse cenário a tal funcionária precisou sair um dia mais cedo para levar o filho, de 19 anos para retirar um dente, e claro, eu dei o adiantamento para ela pagar tal procedimento. Aí, eu nervosa e preocupada com minhas filhas fui vendo que ela estava com cara feia, sem conversa, e uma bela hora pediu para conversar comigo. Disse que eu não estava satisfeita com ela, que eu deveria demití-la e que eu estava misturando os problemas pessoais com os problemas profissionais ???
Bom, depois dessa aula de administração doméstica instantânea, eu já me toquei que ela também havia completado 3 meses de casa!
Bingo!
Isso mesmo ela queria sair por cima!
Mas dessa vez eu já sabia e assumindo uma calma e frieza necessária soltei as pérolas: "bom, eu acho sim que você tem defeitos, no entanto suas qualidades superam, sendo assim eu não vejo motivo algum para te demitir. Caso os meus defeitos sejam muitos para você suportar, aí quem deve pedir demissão é você!"
A mulher ficou perdida, sem saída, e já como estava com a carteira de trabalho em mãos, pediu para sair!
Aprendi!
Bom, esses foram alguns dos muitos casos dessa humilde residência.
Com isso tudo as minhas conclusões:
  1. quem está na minha casa tem a minha cara. Ou isso ou nada;
  2. meu nível de exigência é alto. Funcionária aqui sempre foi bem tratada e deve se portar a altura;
  3. o meu silêncio é precioso! É dele que brota o meu trabalho;
  4. muito cuidado com os exemplos a que se expõe uma criança. Elas são esponja absorvem tudo;
  5. a infância passa, mas as marcas que ficam nela podem não passar.
Sem perder a fé na vida e com carinho sempre,
Lidiane

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Abrir mão

Viver é uma arte, e quando os filhos chegam o aprendizado de cada dia é muito maior do que a vasta bibliografia sobre o assunto pode dizer.
Saber lidar com egos e eguinhos, dosar broncas e afetos, carinhos e autoridade, liberdade e disciplina. A lista é longa.
Mas em meio a tudo isso existem as escolhas e, a cada escolha feita, abre-se mão da outra opção.
É simples e fato: não dá para ter tudo ao mesmo tempo.
Bom mas toda essa introdução é para dizer o obvio: "em casa de ferreiro o espeto é de pau".
Assim mesmo.
Por aqui vai tudo bem, obrigada, mas o fato é as Marias, minhas gêmeas de 4 anos e 1 mês iniciarão processo de terapia fonoaudiológica nessa sexta feira. Para deixar claro, a fono não sou eu!
Virá uma fonoaudióloga para auxiliá-las no processo de aquisição fonológica do som mais "chatinho" (posso dizer pois é o que mais vi nos anos de trabalho) o do R entre vogais, o R de arara, orelha, marido, ouro, urubu.
Pois é, eu tentei e esperei um pouquinho, mas elas precisam de ajuda, e eu, em meio a tantas afazeres entre  família, casa e artesanato, não dei conta, estou passando a bola para quem poderá fazer o trabalho como ele deve ser feito.
Sei que para alguns pode parecer exagero, mas para quem sabe um pouco do assunto, na idade delas, aos 4 anos esse som já encontra-se estabelecido.
Nos livros em que estudei que datam entre 1995 e 2005 a teoria dizia que o processo de aquisição dos fonemas de uma língua se consolida até os 7 anos, sendo assim poderia se esperar até tal idade. No entanto, o que acontece na prática, e cada vez mais cedo, as crianças são muito estimuladas a muitas produções orais, como canções, desenhos com nomes estrangeiro (Ex: backyardigans) e tudo isso contribui para uma produção cada vez mais precisa. Tenho observado que, de modo geral, aos 5 anos as crianças já
apresentam toda a aquisição dos fonemas do nosso português, dessa forma é importante procurar ajuda o quanto antes.
Um indicativo fácil e prático é procurar conversar e observar os colegas de seus filhos, observar as crianças ao redor, assim é possível ter um possível referencial de como anda a fala e linguagem de seu pequeno.
Como disse anteriormente, esse som em questão é muito comum de trazer dificuldade para as crianças e é um dos últimos no processo de aquisição. Contudo, quero ressaltar que já ouvi crianças de menos 3 anos falando esse mesmo fonema com muita precisão.
Bom, apesar de saber que a fonoaudiologia faz parte de mim, para minhas filhas eu serei apenas a mãe.
Abraço a tod@s, Lidiane


domingo, 13 de janeiro de 2013

Festa feita à mão, ou melhor às mãos

Antes de ser mãe falava e fazia coisas bem diferentes.
Achava festa infantil um exagero. Festa de 1 ano então, um absurdo, afinal a criança nem sabe o que se passa...
Mas depois de querer, desejar, tentar algumas vezes e ter a certeza da gravidez, e de serem duas meninas aí nada mais foi como antes, principalmente no quesito festa.
Logo de cara, em julho de 2009 elas estavam com 6 meses, mas estavam por aqui minha irmã e minha prima, e claro, porque não uma festa?
E aí corremos e fizemos a primeira festa de aniversário delas, afinal as duas juntas completaram o primeiro ano de vida.
Vale lembrar que ainda nesse dia, apenas com 6 meses, elas adoraram a festa, curtiram e se alegraram com cada um que veio, com os enfeites fabricados de última hora e tudo o mais...
E daí em diante não preciso dizer muito mais, apenas completar que a comemoração de cada ano é uma maneira de agradecer a Deus e compartilhar com os que amamos a alegria da vida dessas meninas, que certamente são o nosso foco principal.
Com tudo isso em mente pensar na festa é algo que adoro. Sempre gosto de fazer o máximo possível, e começo a organizar as coisas com antecedência, por dois motivos: primeiro que o fazer leva tempo, e segundo que, por ser perto das festas de final de ano eu preciso ter o mínimo de ordem senão não dou conta mesmo.
Esse ano pensei em fazer uma "festa verde".
Adoro as bolas de borracha, mas resolvi que não teria nenhuma. Faria uso de materiais recicláveis.
A partir daí comecei a arrecadar doações de garrafas de coca cola de vários tamanhos, rolinhos de papel e caixas de leite tetra pac.
Todo esse esquema começou em agosto, e pensei ainda em fazer uns furokamas* com papéis coloridos.
Aliás, vale lembrar que os tais furokamas eu aprendi a técnica da dobradura em feira de desenvolvimento e sustentabilidade ExpoIdeia aqui em recife, ano passado.
Nesses 6 meses muita coisa aconteceu e a festa sempre ficava sendo cnstruída nas horas vagas, mas não estou só nesse caminho de maneira nenhuma.
Toda festa tem um tema e, ao acertar a casa de festa decidi que seria "Nossa Primavera", assim poderia abusar de flores e afins.
Com o tema definido tive o apoio mais que maciço de minha mãe Lidivina, e de minha irmã Cecília.
Enquanto eu trabalhei com os materiais que seriam descartados elas inovaram fazendo lindos presentes para os amiguinhos das meninas: bonecas floristas e jardineiros. Esses foram simplesmente um encanto, que, prometo, faço outro post só com eles.
Bom, sobre minhas ideias, os materiais foram chegando, os amigos ajudando com muitas doações e assim consegui cerca de 200 rolinhos de papel higiênico, muitos rolinhos de papel toalha (não contei), mais de 100 garrafas de coca cola dos mais variados tamanhos e mais de 100 embalagens de tetra pac.
Fui estocando esse material devidamente limpo em caixas maiores dentro do banheiro da DCE, visto que aqui em casa só temos passadeira que não usa o chuveiro.
Aos poucos já recortava as garrafas e ficava apenas com o bico, que formei as flores, descartando o resto.
Os rolinhos deixei para pintá-los pós natal, assim como todo o resto. Sim, fiz a maioria das coisas do natal para cá.
No meio do caminho vi que nem toda ideia dá certo, e assim acabei descartando as embalagens de tetra pc, pois mesmo com primer e tinta acrílica o rótulo aparecia. Apesar de ser uma "festa verde" a beleza foi fundamental.
E, desse modo, usando rolinhos para pintura, tinta acrília para as garrafas montei minhas flores de pet. Depois de montadas as arrumei em 3 jardineira feitas a partir de uma caixa de TV, e, dessa forma concluímos, eu e meu marido (fiel escudeiro, apoiador, ajudante, incentivador, etc, etc, etc, etc...) que "em se plantando em terreno de isopor, flores de plástico brotam!".
Sobre os rolinhos fui fazendo flores, depois de pintados com tinta guache, pelo lado de dentro e de fora com ajuda de rolinhos. Depois de pintados, foram recortados e colados, formando flores de 5 pétalas e de 7 as feitas com papel toalha (maiores). Com auxílio de prendedores de roupas fiz as flores e montei 4 painéis com várias flores coladas entre si.
Já os furokamas foram feitos ao longo de todo tempo, pois são sim trabalhosos. São fáceis, porém repetitivos: 60 pétalas para formar 12 flores com 5 pétalas que se intercalam entre si.
E, depois de toda logística veio a melhor parte, a que compensou cada cansaço, a herpes que me estourou na boca pela primeira vez na vida bem nessa semana: a alegria de ver minhas filhas brincando felizes junto com seus primeiros amigos de uma vida toda pela frente. Amigos que estudaram juntos ano passado, amigos que já não mais se encontram com tanta freqüência e amigos que, tenho certeza, pelos pais e pelas crianças, farão muita farra junta ao longa dessa vida que ainda só tem os primeiros felizes e saudáveis 4 anos!
A festa foi mágica! Tudo correu bem, apesar de umas poucas faltas por viagem e, outras, infelizmente, por doença. Mas cada amiguinho faz parte da nossa alegria.
E, por tudo isso e pelas inúmeras bênção que Deus concede a mim e a minha família, posso apenas dizer que sou muito grata!

* furokamas: são essas bolas penduradas no teto em cima da mesa do bolo.
PS. Apesar de não querer bola, algumas apareceram. Foram bolas em forma de flores, que haviam sido utilizadas na festa de sexta feira do salão de festas. Sendo assim sim!
PS. 2: A decoração, exceto os furokamas já foram emprestados para outra festa!!