sexta-feira, 26 de abril de 2013

1 ano 3 meses e alguns dias...

Na madrugada entre domingo e segunda essa contagem volta a zero.
Há pouco mais de 10 anos tive a certeza de que o amor me levaria para outros ares.
Final de 2002, mais precisamente numa noite de 12 de dezembro fui para um forró pra lá de especial, uma noite que mudaria o rumo da minha para sempre, e para melhor devo dizer. Viver ao lado de quem se ama é sempre melhor, criar família e tudo o mais.
Bom, mas voltando ao fato, é que poucos dias depois, meu marido me abordou com a questão: "olha tenho uma coisa para lhe dizer, como sabe sou de Recife, e é para lá que eu vou depois do doutorado, e aí, ainda sim, vai encarar?"
Não titubei no sim, nem nesse dia, nem no casamento.
Esse sim se renova a cada dia, a cada conquista da gente, a cada fase ruim.
Nesses anos fomos criando uma família e ela já é maior que nós.
Viver isso tudo é maravilhoso.
No entanto o mundo ultrapassa, em longe, os limites do nosso lar. Somos 4 e somos muito mais. Nossas histórias dependem de muitas outras pessoas, e, a cada amizade, nossa teia de vida se fortalece e cresce para o infinito e além...
Mas sempre há o porto seguro, a casa da mãe, a pasárgada.
Tenho o privilégio de contar com sogros amigos, amados e presentes, mas mesmo sendo "minha mãe loira", a minha mãe de verdade mora a exatos 2564Km de distância, e isso é tempo...
E, finalmente depois de passar o maior período sem voltar a casa da minha mãe, voltarei (com a trupe toda!) nessa segunda feira.
Nesse tempo todo a vida tem me ensinado muitas coisas. Vou tentar enumerá-las:

  1. Narciso acha feio o que não é espelho. Viva Caetano! Isso é super mega hiper aplicável a mim. Isso é algo que procuro mudar, mas quando vejo, já fiz. Claro gosto de morar aqui em Recife e já me adaptei, porém é inegável as diferenças culturais. Vou me ater basicamente na gastronomia. Logo que cheguei achei um horror tapioca, cuscuz, feijão verde, arrumadinho, buchada, galinha de cabidela... A lista é grandinha. Porém, aos poucos, com muita paciência do meu marido e também uma oferta grande, fui cedendo. Continuo sem gostar de coentro, e acredito piamente que ele "piora" e muito, vários pratos que gosto como nas aves e saladas, porém vejo que nos peixes seu gosto se dilui melhor, ficando até discreto. Já o cuscuz me ganhou fácil, além de gostoso é fácil e rápido de fazer, e outra campeã é a tapioca. Essa o processo foi mais lento, e aprendi que "coco e queijo", misturando os de coalho e mussarela fica simplesmente maravilhosa. Além é claro, da mais que especial da Oficina Brennand: "tapioca de capuccino" essa é uma iguaria sem fim. Dessa forma, aqui em casa entrou na rotina: "cozido", bolo de rolo (esse eu nunca tive problema algum!), jerimum no feijão, feijão verde, arrumadinho, tapioca, mas quanto a galinha de cabidela, buchada e sarapatel eu passo a vez, prefiro os camarões e o meu preferido: siri mole!
  2. "A grama do vizinho é sempre mais verde...", mas se olhar bem, cada grama tem sua beleza! Pois é tem coisas incomparáveis. Não dá para querer comer um abacaxi doce, como o do parque da Jaqueira em Guariba assim como não dá para comer pêssego bom aqui em Recife, ponto!
  3. Sou uma estrangeira brasileira. Sim, com tanta distancia as variações linguísticas são inevitáveis, e eu tenho uma capacidade grande de assimilação e contaminação, sendo assim já não sou mais paulista, muito menos serei nordestina. Nem posso dizer que sou cidadã do mundo, pois tão pouco falo inglês snif snif... Basta abrir a boca e vem a sentença: nossa como você está falando! E minhas filhas. É bem interessante ver as diferenças entre elas; Maria Luiza é pernambucana até dizer basta, já Maria Helena que tem a veia de pesquisadora do pai faz muitos experimentalismos linguísticos  Ela usa os vários tipos de R. Por exemplo se digo "meu amor" ela imediatamente repete com o R de Guariba, e em outros momentos usa naturalmente o R daqui de Recife.
  4. Morar na capital tem muitas opções de laser e cultura, porém afasta a todos e eu gosto de gente, de criar e manter vínculos, e tenho uma essência mais que interiorana, tenho uma essência colonial. Meus primeiros 10 anos foram em colônias de trabalhadores de usina de açúcar e álcool  Nessa época frequentar as casas, correr sem medo, rezar o terço durante o mês de maio cada dia em uma casa, eram hábitos naturais. Para mim, os vínculos são necessários. Na cidade grande isso é um desafio e um esforço grande, pois todos nós, além das nossas ocupações, estamos sempre driblando as confusões de trânsito e tempo. Uma pena... Mas eu não desisto, eu tenho fé nos encontros, nas amizades nos vínculos e não é a toa que, desde que estou aqui em Recife, lá estou indo novamente para o interior de São Paulo com a missão de reunir, pela segunda vez, minhas amadas amigas dos tempos de Marília, época em que cursei e me formei em Fonoaudiologia em 1997!
Entre tanto a fazer devo me dedicar agora entre arrumar malas e preenche-las com amor, sabores e saberes desse tempo de espera.
Guariba a aí vou eu!
Lidiane, 26 de abril 

2 comentários:

Anônimo disse...

Ôxi, amiga... como você é linda! Parece que consigo ouvir sua voz lendo seu blog tão amado!
Como te gosto e ponto!!

Daniela Cunha disse...

Lidiane!!!
Sou sua fã!! Quero ser assim quando crescer! Beijos!!